A Páscoa se aproxima. Tempo de renovação, de renascimento. De nos reinventar. De criar um novo universo de perspectivas, valores e atitudes. Nem que seja só um pouquinho, um passo, que seja, rumo ao novo, ao melhor, à evolução.
Não foi apenas uma vez que li análise histórica sobre as diferentes concepções de DEUS nos tempos. Temos, em várias culturas, mas principalmente na ocidental um DEUS antropomorfo em sentimentos, qualidades e aparência física. Um DEUS vingativo, que prefere um povo a outros, que castiga, que dita regras (além, muito além dos conhecidos “10 mandamentos”) e que divide os homens em “bons” e “maus”. Onipotente, onipresente e oniconsciente, com esta carga de imposições à la crime e castigo, este “maldito” DEUS, que me faria rezar o “Ato de Contrição” e não sei quantos “Credos”, “Aves Marias” e “Pais Nossos” por estar blasfemando-o é o responsável pela minha constante prisão-de-ventre! Quem há de conseguir evacuar com um DEUS bisbilhotando?
JESUS esteve entre nós, Seus ensinamentos se propagam e ecoam pelos séculos, mas ainda não nos relacionamos com o DEUS-AMOR INCONDICIONAL-SABEDORIA-MISECÓRDIA-COMPREENSÃO. Mesmo os adeptos de religiões libertadoras, como eu conceituo o espiritismo, pois está tão entranhado em nós a divindade antropomórfica, que julga aos homens, que carregamos a punição e o merecimento nas palestras, nas conversas, nos estudos, em nossas atitudes e em nosso auto-julgamento.
“Homens de pouca fé”! Pouca fé no exemplo de Jesus. Supondo ser verdadeiro que Ele seja o Messias, o enviado de DEUS para nos ensinar Suas leis, por que não escolheu Jesus homens perfeitos? Por que junto com Ele não nasceram anjos/ espíritos superiores/ homens-santos desde o nascimento? Se observarmos a história pela lente da Bíblia, notaremos que os apóstolos e os discípulos estavam longe da perfeição e foram burilados, de carvão transformados em diamantes, no convívio com Jesus, tendo “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir” os exemplos e as lições do meigo rabi da Galiléia.
É fato de intenso significado esta constatação bíblica. Não disse o profeta: “Sede perfeitos como é perfeito vosso PAI que está nos Céus”? Disse-o, sim. Portanto, em nós reina, ainda que adormecidas, todas as virtudes.
O cristianismo ocidental cria culpas, desmerece o homem (pecador, com muitos defeitos, “imperfeitos que somos” é a expressão mais ouvida nas Casas Espíritas que frequento). Não somos perfeitos,é verdade, mas é preciso mudarmos nossos paradigmas analíticos e auto-conceituais, enxergando-nos como seres em formação rumo ao desenvolvimento de nossas qualidades e virtudes, evoluindo passo-a-passo.
Sou espírita com convicção. Costumo dizer que sou espírita até debaixo d’água, dentro do terreiro de Umbanda, da igreja católica e do templo da Brahma Kumaris.
A filosofia e principalmente a prática da Brahma Kumaris tem me fascinado já há anos. Fiz o curso introdutório e com a base fundamental dos preceitos religiosos não me identifico de modo algum. Mas, a visão do Homem como ser detentor de seu destino e promotor de suas qualidades e virtudes subjacentes é coerente com a positividade, a amorosidade e os ensinamentos de Jesus Cristo, que veio nos trazer e ainda não incorporamos o DEUS imaterial, não-antropomorfo, que não possui virtude alguma, pois ELE são as virtudes! Deus não é fiel, Deus é a FIDELIDADE!
Precisamos pedir perdão a Deus? De modo algum! Deus não se ofende, está acima desses sentimentos. Precisamos de Sua aprovação? De modo algum! Amor incondicional pressupõe não-reprovação e, portanto, não-aprovação. Se não existe escuro, há luz? Claro que não. Simplesmente existe o que existe, em não havendo termo de comparação, simplesmente É.
Não foi DEUS quem foi feito à nossa imagem e semelhança, mas nós é que fomos feitos à SUA imagem e semelhança, isto é, em nós reside a centelha divina e o gérmen de todas as virtudes.
Parece uma bobagem, um simples jogo de palavras, uma daquelas frases-de-efeito, mas não é. É uma reviravolta em nossas perspectivas, um re-avaliar paradigmas que, se levado a termo, pode provocar uma revolução na educação e no modo da humanidade sentir-se, agir e se relacionar. DEUS já não nos bisbilhotaria mais…
Carla Betta
Nascida com o nome Carla Ramos Bettarello, adota o Betta e assume-se como Carla Betta, pela invenção de um amigo. Mais tarde, descobre que seu pai era conhecido assim em seu tempo de faculdade. Mãe coruja assumida de um casal maravilhoso e lindo de filhos. Conta e se encanta com as histórias: objeto de estudo e prática artística.
Evandro Mangueira
17 de abril de 2014
Carla, como é de conhecimento geral, não sou religioso e pouco me apego as questões celestes, mas não poderia deixar de elogiar o seu melhor texto. Simples e eficaz! Você conseguiu apresentar Deus em uma versão admirável, até hoje as pessoas falam Dele, oram a Ele, mas poucos são os que falam Dele de forma tão verdadeira. O seu texto tá na medida certa, limpo, engraçado e envolvente! Parabéns!
Edu Pedrasse
17 de abril de 2014
Corajosa na figura do post Sra. Beta.
Espero que a Luftwaffe das TFP da vida não nos castiguem tanto…
Lendo seu artigo me lembrei de um vídeo que assisti, “O Poder do Mito”, do grande Joseph Campbell
Em um determinado momento ele explica que os budistas fazem uma reverência abaixando a cabeça com as mãos juntas (quando encontram alguém) pois estão referenciando o Deus que existe dentro de cada pessoa.
Saravá!
Carla Betta
18 de abril de 2014
Querido Evandro: não consigo nem responder… fiquei sem graça, mas… que bom que vc gostou e sabendo de seu olhar crítico, estou quase “miachando”… hehhehehe!
Querido Edu, na adolescência, a coragem é visceral, contingente e irresponsável não propositadamente, mas irresponsável porque não dimensiona as consequências.
Na minha idade, a coragem é uma obrigação. A idéia foi provocativa, obviamente.
Shalom!
Totó
19 de abril de 2014
Perfeito, Carla! Jesus semeou o Reino e nasceram as igrejas; embora a boa vontade a maioria, elas abafam o escândalo que é o amor incondicional de Deus e controlam a verdadeira e total liberdade que isso acarreta. É muito legal quando pessoas como você extrapola todas as doutrinas para descobrir e ‘tocar’ o verdadeiro Deus. Sei que é uma busca constante e nem sempre fácil, mas sempre fascinante. Belo texto.
Carla Betta
19 de abril de 2014
Grata, Totó, Vindo de vc é um elogio e tanto! Feliz Páscoa!
Gabriela martins
27 de maio de 2020
Se você não acredita não precisa espalhar pela internet fica com você não gostei disto e procura outra coisa para fazer
Gabriela martins
27 de maio de 2020
Se não te outra coisa para fazer vá botar na internet desculpas por isso