Coluna da Carla. Tiro no pé

Posted on 30 de junho de 2014 por

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Em época de Copa, nada como contar piada, ainda mais sobre quem, vejam no final:

“Um psiquiatra chama por telefone seu colega que vive em outra cidade e diz:

— Venha com urgência, tenho um caso único no meu consultório.

— Mas como a estas horas?… Irei logo pela manhã. Não posso desmarcar meus pacientes.

— Tem que ser agora, esta é uma grande oportunidade: caso único!
Continuando a insistir, o colega psiquiatra transfere suas consultas para outro dia e viaja até à cidade vizinha:

— Mas, o que pode ser tão urgente?

— Tenho um caso de complexo de inferioridade  no meu consultório…

— E dái? Eu também atendo muitos!

— Sim, mas é um paciente argentino?”

… … …. … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … ….

O reverso desta piada seria diagnosticarmos um paciente brasileiro com boa auto-estima e mínimo orgulho de sua nação.

Nós nos desconsideramos tanto e nos desmoralizamos tanto que pouco se nos dá vaiar nossa representante maior em repercussão internacional.

Li em um post de Abílio Diniz no facebook, cuja autoria não sei se é verdadeira, mas que o desenrolar das idéias vem ao encontro de minha opinião.

Nosso país é conhecido “lá fora” como aquele das mulatas assanhadas, das avantajadas nádegas femininas, da alegria eufórica, isto é, sem razão de ser, portanto esta é a nossa imagem divulgada internacionalmente.

É impressionante o quanto pequenas e grandes empresas investem em marketing! Será o marketing uma bobagem? Ou essencial para os negócios?

Temos a oportunidade raríssima de olhos estrangeiros observando-nos e o que fazemos? Portamo-nos como crianças malcriadas, sem educação e sem respeito, protestando com xingamentos chulos à representante maior do nosso país!

Neste post, supostamente de Abílio Diniz, enfatiza-se a que projeção internacional de uma boa imagem do Brasil influencia o volume de negócios possíveis entre países e entre empresários nacionais e estrangeiros.

Um tiro no pé.

A vaia e a ofensa de baixo calão dirigida a nossa presidenta promove o marketing às avessas, descredenciando nossa credibilidade, ou seja, atinge menos a Dilma Rousseff que os brasileiros como parceiros de negócios e o Brasil enquanto nação.

Diz-se em psicologia que a baixa estima leva a comportamentos que comprovem o valor que se tem de si, boicotando-se propositadamente. Nosso complexo de inferioridade será o que, inconscientemente, nos induz a sermos tão bem manipulados pelas forças políticas contrárias que, em nosso raro momento de projeção internacional, sabotamo-nos, em gesto de imaturidade ímpar e desrespeito vil que “atira no que viu, mas acerta o que não viu”? Fere os ouvidos de adultos civilizados e o espanto de crianças educáveis.

Quem mais se beneficiaria com o produto-Brasil exalando u’a imagem irretocável de seriedade que estes mesmos, no mínimo tolos, empresários e bem-sucedidos homens de negócios? Porque, como já foi exaustivamente comentado na mídia, os que compraram tão caro ingresso para assistir a Copa foi uma classe social bem privilegiada.

Em nome de quê, a troco de quê, ou popularmente: “que vantagem Maria leva” expuseram-se e expuseram-nos a este ridículo?

Quais são as forças ocultas por trás desse modo ignóbil de expressão? Não lhes parecem braços invisíveis a manipular marionetes? De quem são esses braços?

Quanta ironia! Este mesmo partido político a quem xingam foi o responsável por trazer a Copa para nosso imenso quintal e, portanto, pelo deleite e comodidade de presenciarem os jogos futebolísticos “em casa”.

Se há motivo para desagrado (e há), que tal boicotar o evento e não comparecer aos jogos, por exemplo? Não é um contra-senso a presença maciça dos ofensores?

A quem interessa que o Brasil mantenha sua imagem vinculada à desordem, à incivilidade e ao desacato? Um país sobre o qual um estadista teve a ousadia de estigmatizar como “não sério” e nada mais fazemos que confirmar sua tese enlameando a nós mesmos!

A quem interessa?

Carla Betta é contadora de histórias e mantém esta coluna no Blog.

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