Cargos do Poder Executivo são mais visíveis do que os do Poder Legislativo. Nas eleições, todos querem saber quem vai ser eleito presidente, governador ou prefeito e poucos se interessam ou se lembram mais tarde dos eleitos para o Legislativo. Mas o fato é que os vereadores, deputados e senadores são tão importantes para o governo quanto o chefe do Executivo e, em alguns casos, até mais importantes. São os membros do Legislativo que aprovam ou não os projetos do Executivo e devem fiscalizar as ações do primeiro. Um presidente não governa sem a aprovação do Congresso e o mesmo vale para os prefeitos e governadores estaduais, que precisam do aval das Câmeras Municipais e das Assembleias Estaduais.
Como os eleitos para o Legislativo são muitos e os candidatos mais numerosos ainda, fica difícil sabermos exatamente o que eles pensam ou fazem. Não existem debates entre os que concorrem a cargos legislativos e não é operacional promovê-los. Isso é uma pena. Seria muito interessante avaliar as propostas e ideias deles para sabermos, de fato, em quem votar. Pensando nisto, nesta necessidade de termos mais clareza para votar, é que decidi promover, através desta coluna e do Blog, uma “entrevista” indireta com alguns dos que se candidataram nestas eleições para os cargos de deputados estaduais e federais. Meu alcance, tanto aqui quanto pelo Blog, é limitado, mas penso que é uma abertura de espaço para que eles se coloquem e para que os leitores os possam avaliar, além de, é claro, comentar suas respostas e até fazer perguntas mais adiante, seja enviando-as para a Tribuna ou para o Blog. Tenho certeza de que as perguntas serão respondidas pelos interrogados, até porque é interesse deles tornar sua plataforma e projetos políticos claros e transparentes. Se não forem, bem, talvez seja por falta de tempo. Porém acredito que até o dia das eleições, algum tempinho poderá ser usado por eles para dar uma resposta. Afinal, não responder seria, além de indelicado, uma forma de se esquivar de questionamentos.
Para iniciar, faço uma pergunta àqueles que já estão em cargos legislativos, mais especificamente ao Dep. Federal Mendes Thame, ao Dep. Estadual Roberto de Morais, que concorrem à reeleição, aos agora vereadores piracicabanos Antônio Paiva, José Luiz Ribeiro, que concorrem a uma vaga no Congresso Federal e aos vereadores Dirceu Alves da Silva, André Bandeira e Laércio Trevisan Jr, que pleiteiam uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. A pergunta foi composta com a participação de colegas e leitores que estão preocupados com a questão da água na nossa região e Estado e é a seguinte:
“Prezado Candidato. Uma vez que a crise hídrica já vem sido prevista desde os anos oitenta na nossa região, além das informações sobre possíveis mudanças climáticas que podem agravar tal crise serem vinculadas largamente desde os anos noventa, o Sr. deve, no exercício de seu cargo atual, ter em algum momento se deparado com o problema ou se informado sobre a questão. Gostaríamos de saber, portanto, o que o Sr. fez de concreto, no âmbito de suas atribuições, para minimizar os efeitos da crise atual, que como dissemos tem sido prevista a tempos e não se deve somente a fatores climáticos imponderáveis. Gostaríamos de saber que proposições e projetos o Sr. apoiou e propôs e quais são os projetos que pretende propor caso reeleito ou eleito. Estamos certos de que o tema é fundamental para a manutenção de nossa sociedade, da vida com qualidade e para o desenvolvimento sustentável e, assim, merece sua atenção e resposta. Esta resposta, por sua vez, orientará nosso voto e nosso apoio. Gratos pela sua atenção, aguardamos seu retorno”.
A pergunta, além de divulgada neste artigo, será encaminhada a cada gabinete e contato dos candidatos, a fim de que não haja dúvida de que foi recebida. Esperemos as manifestações.
Augusto Sousa
3 de setembro de 2014
Interessante, audaciosa e louvável atitude.
Devemos sim conhecer melhor nossos representantes. Que suas atitudes no exercício do mandato estejam coerentes com seus eleitores, os representados.
Seria uma tendencia ao voto distrital?
Anônimo
3 de setembro de 2014
Certíssimo!