Pela mudança mais do que necessária. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 29 de agosto de 2016 por

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Fonte. Internet

Fonte. Internet

A imensa insatisfação com a política e os políticos brasileiros, que podemos perceber desde as manifestações nas ruas até nas redes sociais e nas conversas particulares, têm, a meu ver, uma característica interessante: a de que a indignação parece ser mais centrada em Brasília principalmente e não nos Estados e Municípios. Essa tendência é compreensível, na medida em que o poder decisório mais amplo está de fato na capital. Mas em termos políticos é equivocada.

E é equivocada porque em primeiro lugar, o que se faz a nível municipal e estadual atinge nossa vida tanto quanto ou até mais do que aquilo que acontece no centro do poder. O governo federal pode até liberar verbas para um município, por exemplo, mas como essa verba será usada, para que, dependem do poder local. Além disso, resumindo bastante porquê haveriam outros pontos, o município é a base do poder central. É nas cidades que se fazem os candidatos a deputado estadual e federal, senadores e até presidentes. São as alianças, demandas, preferências e negociações locais que elegem os cargos majoritários. É nas cidades que os partidos se fortalecem ou se enfraquecem. A grandeza ou a mediocridade pura de deputados e senadores, de governadores e presidentes, começa no município e não em outro lugar indefinido. Se, portanto, queremos mudar a política em um nível macro, precisamos primeiro muda-la em um nível micro.

Uma das consequências dessa visão “centralizada”, é a de que o poder local é pouco cobrado. Claro, os poderosos locais se valem deste fenômeno. Vereadores principalmente, se escusam de questões mais amplas e alegam as limitações locais para se restringirem ao recapeamento ou nomeação de ruas. Mas eles podem mais e deveriam fazer mais. Deveriam inclusive, cobrar seus próprios partidos e correligionários em cargos maiores quando estes se envolvem em escândalos. No entanto, na melhor tradição de submissão brasileira, preferem beijar mãos e fazer negociações de bastidores a serem defensores do bem comum.

Em Piracicaba, minha cidade, a situação se repete. Temos um poder local que é pródigo em obras viárias, em aparatos ornamentais em pontes e obras de utilidade duvidosa do que em coisas que resultem efetivamente em qualidade de vida melhor, como equipamentos médicos para postos de saúde, por exemplo. Um poder que há anos menospreza a participação popular e o funcionalismo público em prol de um centralismo decisório. Esse centralismo e as obras duvidosas são referendadas por uma Câmara dos Vereadores dócil, interessada mais em pequenos favores a grupos específicos do que em discutir o que é melhor para a população. Uma Câmara que se elege por legenda, não por votos absolutos. Que aumentou seus subsídios contra milhares de pessoas que protestavam. Que tem membros que acreditam que fazer política é fazer caridade ou que promover a cidade é dar nome de ruas ou fazer moções de aplauso, tornando o poder público uma coluna social custeada com dinheiro do cidadão. Nela existem exceções, é verdade, mas são poucas e cerceadas. Essa é a base fraca do poder político, que condiciona todas as demais instâncias de poder, daqui até o Planalto.

Se quisermos mudar, se quisermos realmente que o país mude, precisamos começar aqui, agora e com a Câmara. Mais do que com o candidato a prefeito, precisamos escolher bem os vereadores, até porque, o futuro prefeito será fiscalizado por eles. Seu vereador é o seu voto mais importante.

É por esse motivo, aliado com a minha profunda insatisfação com o poder público em geral, que pela segunda vez em minha vida, torno pública minha escolha para vereador e inicio um apoio aberto a um candidato. Trata-se de Júlio Menezes, funcionário da secretaria de educação, meu ex aluno na EEP e candidato pela segunda vez. Júlio não só participou ativamente das campanhas do Reaja Piracicaba como é alguém com quem converso e discuto a muito tempo. Desnecessário dizer que o considero um homem absolutamente integro, pois se não pensasse assim, jamais o defenderia. E acima de tudo, Júlio tem uma proposta lúcida, de fiscalização clara e dura sobre o poder executivo, transparência e promoção da democracia direta. Seu projeto inclui uma plataforma digital na qual os eleitores terão a oportunidade de se inscrever e atuar diretamente no debate de projetos de lei, no debate do orçamento municipal e nas denúncias sobre o poder público. A informática nos abre essa possiblidade de reaproximação com o poder direto e Júlio será um dos pioneiros na exploração desse novo recurso.

Este Blog continuará sendo um espaço de reflexão. E eu me mantenho no papel que escolhi, de alguém que debate, procura pensar e dialogar. Assim, o Blog estará aberto a artigos de candidatos diversos e a debates, inclusive para Júlio Menezes. Durante esta campanha, os leitores terão a oportunidade de questionar Júlio e outros que queiram se colocar e nós cobraremos respostas. E dentro dessa proposta, não peço seu voto para Júlio, mas peço que o questionem, que dialoguem com ele e com os demais, aqui e fora daqui, a fim de que possamos alcançar a democracia plena, lúcida e reflexiva, escapando do voto de curral, do clientelismo e apatia política que nos mantém com um país sem cidadania.