Os últimos meses tem sido marcados por declarações polêmicas e absurdas de diversas personalidades tupiniquins.
Recentemente, a advogada Maristela Basso, professora de direito internacional da USP, declarou, em entrevista à Rádio Jovem Pan, que Simon Bolívar, que assumira a presidência da Venezuela no ano de 1813, teria sido influenciado por Karl Marx e Vladimir Lênin. O problema é que Marx nasceu em 1818 e Lênin em 1870.
Outra neocelebridade, o deputado federal e um dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim Kataguiri, declarou que Karl Marx “reconheceu seus erros” por ocasião da primeira guerra mundial (1914-1918). Ocorre que Marx falecera em 1883.
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro como fonte confiável, o youtuber Nando Moura, para criticar a suposta indicação do ex-presidente Lula ao Prêmio Nobel da Paz, declarou que o ex-líder soviético Josef Stalin recebeu tal prêmio por duas vezes.
Considerado uma das maiores influências do governo Bolsonaro, inclusive a quem são atribuídas as indicações de pelo menos dois ministros, inclusive o da educação, o pseudo-filósofo Olavo de Carvalho (que não tem nenhuma formação na área, aliás pelo que consta em nenhuma área), fez sucesso nas redes ao proferir pérolas como a utilização de cérebros de fetos oriundos de aborto como matéria prima de adoçantes de refrigerantes, a teoria da “terra plana” e da não nocividade do fumo para a saúde humana, entre outras. Durante a última campanha eleitoral postou nas redes sociais uma mensagem que acusava o então candidato Fernando Haddad de “apologia ao incesto”. Tem travado uma guerra ao que chama de “marxismo cultural”, termo criado por ele, e constantemente ataca filósofos, sociólogos e demais intelectuais progressistas, além do “alarmismo climático” e “pautas abortistas e anticristãs”. Resumindo, cria fantasmas imaginários e informações falsas para atacar qualquer corrente ideológica com viés de esquerda.
E estas são apenas algumas das manifestações polêmicas de apenas alguns dos “intelectuais” da mesma matriz ideológica. Ler estas asneiras pode parecer até engraçado para quem conhece um pouco de história, sociologia, filosofia e ciência política. Mas por detrás disso há algo preocupante: não se tratam apenas de desconhecidos buscando seu minuto de notoriedade nas redes sociais. Não se trata apenas de ignóbeis divulgando a própria ignorância, embora alguns o sejam. Eles tem em comum o fato de pertencerem a um grupo alinhado ao atual governo, à ideologia ora dominante, onde os verdadeiros educadores, os que buscam a formação através da graduação, especialização, mestrado, experiência em salas de aula e experiências de vida trabalhando nas mais diversas realidades socioeconômicas do país, vem sendo reiteradamente atacados, acusados de uma suposta “doutrinação”, vítimas de uma invenção insana denominada “escola sem partido”. E o que é pior, por todo o demonstrado fica evidente que o que eles realmente querem não é uma “educação sem ideologia”, até porque isso não existe, mas a imposição da ideologia deles, utilizando para isso as mais sórdidas estratégias, como já demonstrado, através da propagação de ataques, mentiras, distorções. Declaram-se democratas e defensores da liberdade mas se recusam a aceitar a coexistência de ideologias e opiniões divergentes.
Assim, em tempos onde o conhecimento vem sendo atacado e desvalorizado e a ignorância sendo ofertada como virtude, temos que ficar atentos com os objetivos e consequências de tal imbecilização coletiva. E também necessitamos ser críticos com esses “influenciadores” que propagam tais ideias absurdas. Pode parecer insano, pode parecer engraçado, mas quando observamos o poder de penetração que tem na sociedade e os danos que podem causar, talvez seja o caso de se acreditar que não se trata apenas de uma deficiência cognitiva coletiva mas de um projeto ambicioso e perigoso de dominação.
Gleison Zambom é Oficial de Justiça
Quando a ignorância é um projeto de poder. Por Gleison Zambom
Posted on 14 de fevereiro de 2019 por blogdoamstalden
Posted in: Artigos
Antonio
2 de março de 2019
Tinha razão Darcy Ribeiro.
Não nos esqueçamos do governador Mário Honesto Covas e do seu profícuo trabalho em prol da imbecilização generalizada.
Covas foi pródigo atuando nesse projeto ao criar com sua secretária de educação (?) Sra. Rose Neubauer a progressão continuada que fez escola.
Não nos esqueçamos também de João Paulo II que ordenando o fim das pastorais deu margem para que os “pastores” avançassem sobre os mais humildes que sem escolaridade se tornaram presas fáceis deles todos.
Quanto a professora da USP, igual a muitos que lá trabalham, se consideram deuses acima dos demais.
Em que lugar do mundo existe uma universidade cercada por muros de três metros de altura?
Todos tem culpa pelo avanço desse projeto.
Este país foi transformado em um feudo com vassalos incapazes de pensar.
Acreditam em qualquer coisa.
Desta vez não acredito em volta, talvez em uns cinquenta anos surja alguma luz.
Os hebreus caminharam 40 anos no Sinai para que a geração nascida escrava perecesse.
Estamos só iniciando a caminhada!