Carta à Tábata Amaral sobre a Reforma da Previdência. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 28 de maio de 2019 por

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Fonte da imagem: Portal da Câmara


Prezada Tábata.
Quando você visitou Piracicaba e eu a conheci, já imaginava que sua atuação no Congresso seria excelente, mas também que você encontraria muita resistência e até mesmo agressões. Pelo que posso acompanhar pela mídia, eu não estava errado. Desde o apartamento funcional ocupado pelo filho de um outro deputado até os recentes embates com o atual ministro da educação, passando pelos assédios que você citou em artigo no jornal Folha de São Paulo. Mas você tem se saído muito bem. Sua fala, penso eu, foi definitiva na demissão de Vélez Rodrigues e penso que o atual ministro, tão despreparado quanto o anterior mas mais agressivo, logo encontrará, na sua argumentação calma e sólida, um obstáculo muito difícil de transpor, malgrado o cinismo dele.
Assim, você continua tendo meu apoio e continuo orgulhoso de ter votado em você.
Mas, Tábata, eu gostaria de falar sobre a Reforma da Previdência…
Ou melhor, gostaria que você falasse sobre ela.
Desde que você e os demais congressistas do gabinete compartilhado decidiram que analisariam o projeto e não o negariam em sua totalidade, como foi a orientação de seu partido, não só eu mas penso que milhares de seus eleitores ficamos curiosos e um tanto apreensivos.
Entendo que, tendo minoria no Congresso, é provável que a oposição perca na votação da previdência e que, nesse caso, seria melhor aceita-la e tentar colocar emendas no projeto que a tornem mais juta e equilibrada. Também entendo que a questão demográfica é real e que é necessário pensar em um tipo de reforma.
No entanto, a proposta que está em jogo não me parece adequada em inúmeros pontos, desde a idade mínima, que desconsidera diferenças de expectativa de vida e tipo de trabalho, alguns muito árduos, até a retirada de direitos constitucionais. Tudo isso passando pela aberração de não vir acompanhada de uma cobrança de devedores, alguns muito ricos, que como você sabe, alimentam o déficit. Na verdade existem muitos pontos polêmicos e, que a meu ver, trarão grande injustiça. Mas eu não vou elenca-los agora, porque antes, quero ouvir, ou melhor, ler, quais são as suas propostas.
Um membro da coordenação do movimento “Acredito”, do qual você é uma das fundadoras, disse-me que vocês dividiram o projeto em treze itens, e que já haviam fechado questão em quatro: o BPC, a aposentadoria rural, a dos professores e a dos congressistas, esta última que não deveria ser mantida nos moldes atuais. Bem, eu concordo com essas quatro.
Mas eu e seus milhares de eleitores precisamos saber quais são os outros pontos, bem como sua posição em relação a eles e sobre a reforma como um todo. Essa é uma discussão que não pode ser protelada, não entre nós, você e seus eleitores. Afinal, você é nossa representante e, como eu sempre disse aos meus alunos, a verdadeira democracia não se encerra na urna, mas se inicia. Sem um contato permanente entre eleitos e eleitores, não se constrói a cidadania e nem a democracia.
Penso então, que nós temos a necessidade e o direito de saber a sua posição e debate-la com você, nossa representante. E penso que isso seria bom para você também, dado o fato de que seus detratores, que são muitos, estão usando a discrição na sua análise, para difamá-la, associando-a inclusive aos interesses de grandes empresários com um projeto de interesse próprio.
Oras, eu não acredito nessas difamações e confio em você.
Por isso escrevo essa mensagem e peço que responda, por aqui ou por outros meios.
Sei que não sou famoso o suficiente para merecer um artigo seu em meu blog e não me ressentirei se você não o fizer por aqui. Mas espero uma resposta, ainda que curta, porque sei que curto é seu tempo também.
Uma resposta que diga ao menos quais são os pontos que vocês dividiram e de que se manifestará mais adiante e os colocará em discussão pública entre seus eleitores.
Afinal, eu não só votei em você como fiz campanha, com apenas mais uma pessoa, em minha cidade. Empenhei o que tenho de mais precioso e, talvez a única coisa que ainda tenho: minha palavra por você.
E a empenhei para muita gente que confia em mim, alunos, ex alunos, amigos e outras pessoas, inclusive leitores do Blog.
Não quero que essa confiança que eu tenho a honra de gozar e mesmo a que eu tenho em você, seja manchada.
E assim, peço humildemente por sua resposta que, como eu disse, pode ser curta.
Um grande abraço e receba meu apoio nas lutas diárias no Congresso.
Prof. Dr. Luis Fernando Amstalden. Sociólogo.
PS: se você concorda com o teor dessa mensagem e também quer saber a posição da deputada Tábata sobre a Reforma da Previdência, escreva para ela no e-mail abaixo. Se quiser faça sus próprios questionamentos ou se preferir, copie o texto e envie, ou então o link do blog, mas não se esqueça de dizer que concorda com as perguntas e espera uma resposta. Essa é a única forma correta de fazer democracia e cidadania: interagir com os que elegemos.

E-mail: dep.tabataamaral@camara.leg.br

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