O Natal e o Deus vivo. Por Luis Fernando Amstalden

Se você quer saber, eu penso que Deus é um sentimento. Uma sensação de alegria quando, de alguma maneira, nós somos capazes de fazer algo bom, algo que alimente outro ser vivo, que o acolha, que o conforte, que lhe mate a sede e a fome física ou fome e sede de companhia e de afeto e de segurança.

Uma alegria em ver um ser faminto comendo ou bebendo sentindo-se seguro e em paz, seja esse ser alguém que você conhece ou não, mas que sabe que, até você fazer algo, ele estava perdido, com medo, fraco e sedento.  que até você fazer algo, ele sentia dor, frio ou qualquer outro tipo de sofrimento aos quais nós estamos todos sujeitos.

No entanto, não é a alegria vaidosa de quem se sente superior àquele a quem ajuda, ou ainda, a alegria “social” de estar fazendo um bem pelo reconhecimento que isso lhe trará por parte dos demais.

É uma alegria espontânea, empática, de quem é capaz de perceber o sofrimento alheio e mitiga-lo.

E é claro, não é também uma alegria fácil, uma vez que entre ela e eu, existe sempre o meu ego, o meu egocentrismo humano que na busca de minha própria sobrevivência ou meu próprio prazer, me impede de perceber de fato o sofrimento e, as vezes até a existência dos outros.

Também não é fácil porque algumas pessoas nos oprimem, nos maltratam e nos fazem sofrer. Como desejar o bem, por exemplo, de quem nos escraviza ou do verme que nos corrói?

Mas, quando eu sou capaz de superar o meu ego, quando sou capaz de sentir de fato a fragilidade e o desejo de vida do outro, então eu consigo fazer-lhe o bem e me alegrar com isso. Uma alegria que não necessita de reconhecimento ou retribuição, porque ela é em si a retribuição e o reconhecimento.

Para mim esse sentimento é o Deus Vivo, o Deus sutil mas persistente que está a minha volta, em outros seres, humanos ou não. O Deus Vivo é o que está na alegria da vida segura e amada. O Deus Vivo está no amor e descobrir o amor, é descobrir a alegria na felicidade de quem se ama…

E é esse Deus, o nascimento deste Deus que eu comemoro no Natal,.

Um Deus que você pode sentir mesmo que não seja cristão ou até mesmo que seja um ateu…

Um Deus Vivo e um Deus da vida que você experimenta na felicidade de preservar a vida, sua e dos outro seres.

Esse é o Deus da alegria que eu desejo que nasça para você e para todas as criaturas neste Natal.

Luis Fernando Amstalden, 24/12/2021