POR FORA BELA VIOLA….POR DENTRO, PÃO BOLORENTO (PARTE 1). Por Fernando Soares

Posted on 27 de fevereiro de 2013 por

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Alguém já ouviu falar numa cidade chamada Coari?? Pois bem, vou procurar passar para vocês, meus amigos leitores um descritivo desta cidade para que todos tomem conhecimento que há coisas que existem em nosso país que nem damos atenção. Coari, município localizado bem no meio do Estado do Amazonas, com uma população aproximada de 70 mil habitantes. Seu tamanho territorial impressiona qualquer cidadão de qualquer outra região do país pois, em sua área, cabem o Estado do Rio de Janeiro e Sergipe juntos!. Isso sem contar que ele está às margens do Rio Solimões, um rio soberbo, que faz com que o nosso Rio Piracicaba pareça um pequeno córrego. O trecho de margem a margem na altura de Coari é, em média, de 1 a 3 km, dependendo se for período de seca ou de enchente. Pois bem, seguindo para as informações curiosas, este município está entre os cinco mais ricos da região Norte, isso mesmo!!! Entre os cinco! Mas de onde vem sua riqueza?? Do petróleo e do gás natural onde, pelos dados da Petrobras, são produzidos 50-55 mil barris/dia de petróleo leve (considerado de alta qualidade) possuindo ainda a segunda maior jazida de gás do Brasil, quase toda dentro da área do município, estimada em 52,8 bilhões de metros cúbicos, atrás apenas do Rio do Janeiro (144 bilhões de metros cúbicos). Pois bem, com isso, meus caros amigos/leitores, poderíamos pensar: “__Nossa…rica esta cidade é, pois deve receber muitos royalties provenientes desta produção!!” Eu responderia que sim, já que se verificarmos os repasses do Governo Federal à esta pequena cidade no interior do Estado do Amazonas, por meio do Portal da Transparência, há valores em torno de 80 milhões de reais por ano, apenas através dos repasses vinculados à produção de petróleo. Ainda não entrando no mérito destas questões econômicas, vamos procurar aqui dar à vocês a ideia de como chegar lá. Claro que não há estradas. Nenhuma rodoviazinha federal ou estadual e muito menos municipal passa por perto, fazendo com que o transporte para a Capital, Manaus, e vice-versa seja feito por meio de lanchas rápidas (capacidade para 100 passageiros em média), a uma velocidade entre 60-80 km por hora (perfazendo o trecho em 8 horas aproximadamente) ou grandes barcos (aqueles que se vê em reportagens), com os passageiros dormindo em redes, já que o tempo de viagem pode ultrapassar facilmente as 30 horas. Quem tem mais recursos, pega um voo partindo da capital com duração de 1 hora (isso em um turbohélice). Isolado do mundo?? Um pouco, eu diria, já que a internet mal chegou aqui, com banda de velocidade digna de discagem telefônica, lembram daquele sinalzinho da internet discada?? O restante desta estória não para por aqui, mas meu espaço neste artigo já. Aguardem que muito mais está por vir…abraços…

 

Fernando M P Soares  é Doutor em Biologia e Professor Universitário.