
Fonte da Foto: http://www.panoramio.com/photo_explorer#view=photo&position=457&with_photo_id=11887866&order=date_desc&user=1201708
Alguém já ouviu falar numa cidade chamada Coari?? Pois bem, vou procurar passar para vocês, meus amigos leitores um descritivo desta cidade para que todos tomem conhecimento que há coisas que existem em nosso país que nem damos atenção. Coari, município localizado bem no meio do Estado do Amazonas, com uma população aproximada de 70 mil habitantes. Seu tamanho territorial impressiona qualquer cidadão de qualquer outra região do país pois, em sua área, cabem o Estado do Rio de Janeiro e Sergipe juntos!. Isso sem contar que ele está às margens do Rio Solimões, um rio soberbo, que faz com que o nosso Rio Piracicaba pareça um pequeno córrego. O trecho de margem a margem na altura de Coari é, em média, de 1 a 3 km, dependendo se for período de seca ou de enchente. Pois bem, seguindo para as informações curiosas, este município está entre os cinco mais ricos da região Norte, isso mesmo!!! Entre os cinco! Mas de onde vem sua riqueza?? Do petróleo e do gás natural onde, pelos dados da Petrobras, são produzidos 50-55 mil barris/dia de petróleo leve (considerado de alta qualidade) possuindo ainda a segunda maior jazida de gás do Brasil, quase toda dentro da área do município, estimada em 52,8 bilhões de metros cúbicos, atrás apenas do Rio do Janeiro (144 bilhões de metros cúbicos). Pois bem, com isso, meus caros amigos/leitores, poderíamos pensar: “__Nossa…rica esta cidade é, pois deve receber muitos royalties provenientes desta produção!!” Eu responderia que sim, já que se verificarmos os repasses do Governo Federal à esta pequena cidade no interior do Estado do Amazonas, por meio do Portal da Transparência, há valores em torno de 80 milhões de reais por ano, apenas através dos repasses vinculados à produção de petróleo. Ainda não entrando no mérito destas questões econômicas, vamos procurar aqui dar à vocês a ideia de como chegar lá. Claro que não há estradas. Nenhuma rodoviazinha federal ou estadual e muito menos municipal passa por perto, fazendo com que o transporte para a Capital, Manaus, e vice-versa seja feito por meio de lanchas rápidas (capacidade para 100 passageiros em média), a uma velocidade entre 60-80 km por hora (perfazendo o trecho em 8 horas aproximadamente) ou grandes barcos (aqueles que se vê em reportagens), com os passageiros dormindo em redes, já que o tempo de viagem pode ultrapassar facilmente as 30 horas. Quem tem mais recursos, pega um voo partindo da capital com duração de 1 hora (isso em um turbohélice). Isolado do mundo?? Um pouco, eu diria, já que a internet mal chegou aqui, com banda de velocidade digna de discagem telefônica, lembram daquele sinalzinho da internet discada?? O restante desta estória não para por aqui, mas meu espaço neste artigo já. Aguardem que muito mais está por vir…abraços…
Fernando M P Soares é Doutor em Biologia e Professor Universitário.
Marina Machado
27 de fevereiro de 2013
Realmente incrível saber disso. Já quero ler a Parte II. E sobre o Rio Piracicaba, um amigo amazonense uma vez me disse que nosso rio era um igarapé! Adorei a comparação.
Silvia Gobbo
27 de fevereiro de 2013
Porque o direitos aos estados e municípios nos quais se localizam as jazidas??? A questão que ninguém gosta de lembrar é que são estes municípios e estados que FICAM COM O PASSIVO AMBIENTAL, com o lixo, com o crescimento desordenado, com a poluição… Esta era a forma que a lei tinha para compensar estes locais pelos prejuízos sofridos… Essa era a intenção original da lei… Mas em política o que menos conta são as intenções…
A questão é que no modelo que se propõe agora o dinheiro NÃO FICA na comunidade afetada, portanto a comunidade também NÃO TEM COMO FISCALIZAR NADA… A atual situação quer centralizar TODO O DINHEIRO RECEBIDO, mas também quer DESCENTRALIZAR SUAS OBRIGAÇÕES (SUS, por exemplo). Então fica assim, o gov. federal recebe TODO dinheiro mas estados e municícipos. Ok tem a desculpa da distribuição de renda… Mas quem fiscaliza??? Quem fiscaliza qualquer coisa em qualquer instância?
Pode ter certeza de uma coisa, se existe ALGUMA infraestrutura em Coari, ela foi feita pela PETROBRAS, não pelos políticos municipais, estaduais e federais…
Mas outros modelos DE GESTÃO LOCAL parecem ter dado certo no caso de royalties do petróleo ===> PAULÍNEA…
A diferença entre Paulínea e Coari talvez seja aquela máxima popular: “O povo tem o governante que merece…” à qual eu acrescentaria: ou que a EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO PERMITE.
Fernando Mauro Pereira Soares
27 de fevereiro de 2013
Prezada Silvia, lendo seu comentário, gostaria de fazer umas observações: A primeira refere-se ao fato de que, pela lei em vigor, estes municípios onde encontram-se as jazidas e aonde há locais de processamento, como em Paulínia, os royalties ainda são depositados nas contas dos municípios e, portanto, fica a cargo deles a destinação e uso deste dinheiro (agora sujeito também à lei de Responsabilidade Fiscal, coisa que a um tempo atras este dinheiro não estava sujeito). Portanto, tanto Coari (AM), Tefé (AM), Paulínia (SP), Campos (RJ) entre outros, possuem um saldo financeiro muito maior que a maioria dos municípios brasileiros (por enquanto, visto que isto está sendo questionado na Camara dos Deputados), podendo fazer investimentos em todos setores do município. A segunda seria de que pelo menos no Amazonas, mais particularmente em Coari, onde há a maior produção de petróleo do Estado e também a maior do Brasil em terra, o papel da Petrobras tem sido apenas de empresa de extrativismo mineral, sem interferência no município, inclusive em sua infraestrutura, visto que pela alegação deles, já fazem sua parte pagando os royalties. Modelos de adminstração como de Paulínia devem-se muito mais à gestão (Prefeitos e secretários engajados) que a participação da Empresa PETROBRAS. (Ai concordo com sua colocação sobre cada povo tem o governo que merece). E peço que aguarde a parte II pois ai vc e os amigos leitores poderão visualizar melhor este município tão rico economicamente, e tão pobre em todos os outros quesitos.
Valéria Pisauro
27 de fevereiro de 2013
Conheço Coari e fico imaginando o que virá na Parte II…Dando um pitaco no comentário da Marina, os meus amigos manauaras também rindo do nosso querido rio Piracicaba, no entanto, curvaram-se de admiração ao conhecer o Engenho.