A “vitória” de Feliciano. Por Luis Fernando Amstalden

Quando o Deputado Marco Feliciano fez suas infelizes declarações sobre negros e homossexuais e insistiu em ficar a frente a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, confesso que fiquei em dúvida sobre sua prudência, sua habilidade política ou mesmo seu grau de clareza social. Cheguei a pensar que ele poderia ser um fundamentalista do tipo mais perigoso. Na verdade ele pode ser tudo isto ao mesmo tempo. Inábil, imprudente, fundamentalista e dotado de idéias equivocadas sobre a sociedade. Mas uma coisa é preciso dizer, ele é também esperto para se lançar na mídia e granjear votos conservadores e religiosos. Muita gente que oculta seus preconceitos (e outros que não ocultam tanto assim) se identificaram com as declarações do deputado e, infelizmente, tendem a votar nele no futuro. Outros, movidos pelo seu discurso religioso de “cristão perseguido por defender a verdade”, acabaram por cair na sua armadilha maniqueísta. Cheguei a ler em redes sociais a seguinte declaração: “não concordo com as idéias de Feliciano, mas como ele é meu ‘irmão em Cristo’ e eu tenho que apoiá-lo”. Outros ainda (muitos) disseram que Feliciano só estava sendo criticado por ser também pastor. Aliás, esta afirmação foi feita e depois corrigida também pela ex ministra Marina Silva, para minha perda de entusiasmo por ela e pela sua tentativa de criar um novo partido.

Estas falas e polarizações demonstram a “vitória” de Feliciano.

Com suas polêmicas, transformou-se de um deputado do chamado “baixo clero” (políticos sem maior expressão ou relevância) em uma “celebridade” internacional. Estúpida para alguns, perseguida para outros, corajosa para terceiros e, muito provavelmente, reeleito no futuro.

Tomara que eu esteja errado, mas penso que ele se reelege com o voto de milhares de conservadores, homófobos, racistas e religiosos com mania de perseguição. Estratégia eficiente, como demonstra o grupo “Porta dos Fundos” neste vídeo lançado segunda feira, dia 26/08/13. Claro que o vídeo não é sobre Feliciano… mas apenas sobre alguém que usa táticas parecidas….

Confira.

É hilário e triste ao mesmo tempo.