O Sr. Bruno Prata comentando, em 14/11, a parte de nosso artigo publicada no JP sobre a temática acima, enseja o ampliar da discussão. Em primeiro lugar, a Sodemap é entidade ambientalista com assento no Conselho Nacional de Meio Ambiente. Nossas opiniões refletem pensamentos, pareceres técnicos racionais de profissionais gabaritados nas áreas envolvidas. Mas o cidadão de bom senso entende a lógica simples da questão. Os outros não. Afinal, o pior cego é aquele que não tem mesmo interesse em ver, ou que enxerga somente o que deseja. E o ponto crucial: hidrovia não é igual a nenhuma nefasta barragem! Claro que somos a favor de os rios serem usados como vias! Isso, desde que os mesmos sejam navegáveis. O Piracicaba não o é; então um de nós, aqui, raciocina muito mal. Para aumentarem-se poucas dezenas de quilômetros de via será necessário transformar o Piracicaba num outro e talvez melancólico rio, como bem nos explica o professor doutor Paulo J. Figueiredo (seria tal como utilizarem-se cirurgias plásticas, braços e pernas biônicos num rapaz, para transformá-lo num novo Michel Jackson; ou talvez como no filme “A Pele em que Habito”); isso com exorbitante gasto de dinheiro público e conseqüências ambientais desastrosas, que mal sabemos como eclodirão na região. Também será necessário desalojar-se toda a população do Tanquã, que lá vive há tanto tempo, acabar-se com o habitat do jacaré de papo amarelo e com várzeas restantes do Tietê. Mas o Sr. Prata já deixou claro que não se importa com nada disso. E nós dizemos que a cidade às vezes é sábia, pois nunca o reelegeu como seu representante. Afirma o Sr. Bruno que o projeto não se trata de nada eleitoreiro como pensávamos. Tanto pior. Também procura nos desqualificar, dizendo que não sabíamos da existência de um EIA RIMA oficialmente só protocolizado na CETESB logo depois, apesar de as despesas com empresas contratadas para tal já se terem iniciado desde há muitos meses, e acordos entre Estado e Governo Federal antecederem à aprovação do mesmo… Mas o Gaema, a tropa de elite do Ministério Público Estadual de Meio Ambiente que, inclusive, conseguiu a proibição da queima de cana na região, atenciosamente distinguiu a Sodemap, convidando-nos para o encontro ocorrido em 12/11, ao qual comparecemos. O Sr Bruno Prata não estava lá. Voltando à hidrovia, ramais ferroviários, que levem as mercadorias até onde o Piracicaba é já naturalmente navegável, estão de bom tamanho. Isso para qualquer homem sensato, o qual sabe que daqui nada se leva e que com a natureza é necessário respeito. No mais, para o bem da região toda e da nossa população, deveria encerrar-se definitivamente essa história sem pé nem cabeça e, principalmente, sem nenhum coração.
(Tomei a liberdade de inserir neste post, o comentário do Sr. Antônio Carlos Magalhães. Empresário que mantém uma reserva de Mata Atlântica preservada e ameaçada pela barragem. Ele está sendo convidado a escrever mais para este Blog e sua posição, me parece, é importantíssima)
Mensagem do Sr. Carlos Eduardo Magalhães
Sou presidente da CIA BARREIRO RICO e um dos 7(sete) proprietários dos mais de 2.400 ha de mata atlântica (ou sub conforme Paulo Nogueira Netto).A ÚNICA NO ESTADO DE SÃO PAULO(planalto) EM MÃO DE PARTICULARES.
Não sou xiita e sempre fui a favor do progresso principalmente no que tange transporte fluvial para escoamento de nossa enorme e crescente produção agrícola.
Imagino que todos estejam de boa fé , assim como eu.
Mas o que estão tentando fazer com a barragem é inaceitável pela falta de dados, falta de planejamento mínimo e amadorismo com que tratam a questão.
Estarei inscrito para falar na audiência pública de Piracicaba no próximo dia 10/dez/13 com dados da importantes universidades, especialistas e tantos outros competentes estudiosos além de detalhes que NINGUÉM escreve ou debate por desconhecimento.
Há 50 anos recebemos mais de 20 universidades do mundo inteiro para estudos de todo tipo de assunto .
Abraço
CARLOS EDUARDO DE MAGALHÃES
Amadeu Provenzano Filhio
21 de novembro de 2013
Enquanto como vereador, portanto autoridade, não foi expressivo em seu mandato. Ao contrário alguém que fôra ou é ligado à Igreja exercendo funções na Diocese, com linhas de atuação que no mínimo deveriam ser de respeito à sociedade civil, votou pelo aumento inescrupuloso, imoral de 66 %, descabido e desprovido de qualquer justificativa plausível. Pois bem. Eis que, senão contudo (esse) senhor que vem defendendo a construção da barragem, está fazendo em nome de quem? Se no próprio, que guarde seus cartuchos como fez e fará o senhor Carlos Eduardo de Magalhães na audiência pública do dia 10.12.2013, ao invés de ficar debatendo com evasivas com Eloah Margoni. A história registra na lápide da sepultura de Humberto de Campos um verso que deixou feito antes de sua morte: Quem por aqui se afoite, não faça barulho enorme, pois esta é a primeira noite, que Humberto de Campos dorme. Então, esse senhor está fazendo baruilho enorme e atrapalhando o sono de muita gente, com que intenção? Ou será apenas ponto de vista?. O silêncio fala e na hora certa.
Antonio Carlos Danelon
22 de novembro de 2013
Creio que um projeto dessa envergadura careça de muito debate. Sei da luta de Eloah pela preservação do meio ambiente. Respeito-a muito e admiro sua coragem. Sei também da luta solitária que os bravos voluntários da SODEMAP vêm travando há décadas nesse mesmo sentido. Pouca vitória e muitas derrotas. Temos muita torcida e poucos jogadores. A maioria quer um ambiente saudável, mas lutar por ele, isso é com os ‘ambientalistas’. A população deve ser sim informada de tudo e também consultada sobre a viabilidade da barragem, tão sonhada por políticos e empresários. Ora, político e empresário têm os mesmos interesses, que raramente são os do povo. Desde jovem ouço falar desse assunto. No entanto, até agora sobrevivemos sem ela. Será mesmo necessária? Aos políticos e empresários que insistem nesse projeto faraônico sugiro que primeiro pensem na erradicação das favelas do Estado de São Paulo, oferecendo a todos os paulistas que queiram condições dignas de vida. O que sobrar apliquem na recuperação e reinserção social dos presos, que cevamos nas cadeias. Melhorem a Educação, a Saúde e a Mobilidade Humana, o Metrô, as ferrovias. Favoreçam e incentivem a agricultura familiar, o empreendedorismo, o turismo sustentável, o lazer para todos e a capacitação técnica dos jovens. Isso sim é desenvolvimento. Enquanto políticos discutem essa dispendiosa obra, paulistas permanecem morando entre lixo e esgoto; as cadeias prosseguem graduando criminosos; os professores continuam fazendo greve e alunos sem saber interpretar um texto; o transporte púbico um caos e adolescentes se enterrando nas drogas. A conversa é sempre a mesma: geração de empregos, desenvolvimento, progresso, turismo, etc. No entanto, os fatos mostram que não são grandes empreendimentos que trazem desenvolvimento, mas os pequenos. Quem vai construir a barragem serão os principalmente nordestinos, que trocarão seus lares por insalubres alojamentos e certamente terão como salário não o justo, mas o que determinar o mercado, isto é os patrões. Quanto a transporte mais barato pergunto por que os empresários e o Estado abandonaram as ferrovias? Foi para ‘baratear’ o frete? Por que o mercado imobiliário, os gestores públicos através de suas políticas de remendo e planejamentos amadores, o agronegócio – especialmente a cana – foram tão cruéis com a natureza a ponto de secar milhares de corpos d’água? Foi para ‘baratear’ custos também? Parem de vender miragens e justificar o injustificável. Na verdade serão os ricos que gozarão do turismo náutico esnobando barcos, lanchas e agressivos jet-skis. Os pobres continuarão comendo frango com farofa, vendendo coco e churrasquinho na orla, e como sempre o custo de vida não abaixará com a barragem. Sabem por quê? Porque o coração dos poderosos não bate segundo a justiça, mas segundo o lucro. Por isso, o bolo pode crescer quanto for nunca será repartido com equidade. Em vez de grandes obras precisamos sim de distribuição das riquezas, que são geradas principalmente pelos mais pobres. Depois, então, façam quantas barragens quiserem. Poderiam até aproveitar a ocasião e erguer um panteão com as estátuas dos políticos e empresários que fizeram o ‘pogresso de Sum Palo’.
CARLOS EDUARDO DE MAGALHÃES
22 de novembro de 2013
Agradeço ao Amadeu a referêcia e parabenizo o Antônio Carlos pelos comentários.
Antonio Carlos Danelon
25 de novembro de 2013
Obrigado, Carlos e parabéns pelo seu posicionamento.