Se juntássemos salários de juízes, desembargadores, promotores, ministros, do pessoal da Assistência, ONGs, etc., com a soma talvez pudéssemos resgatar milhares de famílias da miséria, uma das principais causas da violência, geradora maior das demandas da Justiça. Muito dinheiro público é torrado nos processos que envolvem políticos e pessoas de projeção. Sei que serão condenados. Acontece que naquele dia estarão já caducos, e o tempo que deveriam ter passado reparando dolos, curtiram em liberdade. Quanto já custou para nós a ‘condenação’ do Maluf? Os processos dos diversos mensalões, que se arrastam há anos não acabarão mais caros que os desvios? E se houver condenação começará outra história de regalias à custa do contribuinte, que banca com seu suor uma onerosa Instituição, eficiente quando não há dinheiro para pagar quem procure nas leis as brechas que a elite deixou para se safar. “É impressionante o número de pessoas que ficam presas por mais tempo do que deveriam apenas porque são pobres e não podem contratar um advogado”. (Alexandra Lechelson Szafir – Livro Descasos). Se o Poder Judiciário fosse tão eficiente em condenar grandes – cujos crimes afetam multidões e gerações – como é para punir quem já nasce punido: pobres, nóias, doentes mentais e marginalizados sociais que lotam as cadeias e cujos crimes não afetam mais que algumas pessoas, o Judiciário seria um poder de verdade.
ooo0ooo
Há alguns anos não passavam de uma dúzia. Agora, li na imprensa que Piracicaba tem 58 pontos que podem alagar. Devem ser mais porque não constam na lista lugares que já vi debaixo d’água. As zonas críticas ficam em 19 bairros. No ritmo em que se encontra a ocupação do solo urbano, daqui alguns anos as partes baixas da cidade ficarão submersas. Como enchente existe onde é mal feito ou não há planejamento, pergunto à administração pública se o mesmo existe ou estamos à mercê da ganância do mercado imobiliário que devora o que vê pela frente? Afinal, os senhores estão fazendo cidade ou arapucas? Os moradores de áreas alagadiças precisam se organizar. Quem aprovou e quem comercializou loteamentos em área de risco tem que responder pessoalmente pelos transtornos que causou e ressarcir prejuízos morais e materiais. Não venham com esse papo de plano de evacuação e nem de ligar para a Defesa Civil, que não faz além de carregar mudanças, que vão se desfazendo a cada enchente. Em vez disso, o cidadão quer saber o que a administração faz para que no lugar de aumentar, diminuam e acabem pontos sujeitos a enchentes.
ooo0ooo
Políticos, empresários, administração municipal e cidadãos defendem vinda de mais indústrias à cidade a fim de gerar mais empregos, mais impostos e toda aquela baboseira de sempre. Não sei quem pôs na cabeça dessa gente que indústria implica progresso. Ademais, não perceberam ainda que Piracicaba vive um apagão de mão de obra. Gente chegando e a cidade não dá conta de oferecer moradia condizente com o salário, escolas, atendimento médico, transporte, lazer, segurança, e etc. Os recursos que poderiam dar ao piracicabano uma cidade com melhor qualidade vão para infraestrutura a fim de acomodar quem vem. Teremos assim, uma cidade sempre apagando incêndios, cada vez mais cinza, quente, triste, violenta, individualista; um lugar para ganhar dinheiro, mas ruim para viver. É isso que queremos? Por que tem que ser tudo aqui? Para não repartir dividendos eleitorais? Se houvesse planejamento de fato, governo do Estado mais os toscos políticos que estas plagas infestam deveriam disponibilizar condições para que firmas se instalem em regiões mais pobres, evitando assim deslocamentos que desmantelam famílias e desqualificam cidades.
Antônio Carlos Danelon, o Totó, é assistente social. totodanelon@ig.com.br
Anônimo
22 de novembro de 2013
Três questões interligadas e que os gestores públicos fingem que não acontece. Janeiro está chegando, época em que as chuvas são maiores do que durante o ano. Aqui no bairro vamos esperar que as “aduelas” deem conta. Até hoje não vi a cor do dinheiro do Maluf procurado no mundo inteiro, ser devolvido e empregado em moradia, educação e saúde, três carros chefes do exercício da cidadania. O povo cansado de ver o bom teatro dos políticos, desanima…Bom o texto, é a realidade do que ocorre na cidade e sei que mesmo aposentado você continua fazendo um bom trabalho pela cidade. Sucesso sempre.
Antonio Carlos Danelon - Totó
23 de novembro de 2013
Obrigado, “Anônimo’, que já sei quem é e cuja opinião me é por demais importante pela pessoa e pelo compromisso que tem com o bem da comunidade.