Seção Estante. Nada de novo no front – Um clássico da I Guerra. Por Luis F. Amstalden

Posted on 17 de janeiro de 2014 por

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Um século atrás, em 1914, começava a I Guerra Mundial, fruto de uma disputa geopolítica entre as grandes potências industriais que arrastou países do mundo todo no conflito. Além de ser a primeira “guerra global” pelo número de envolvidos, foi também a grande guerra da tecnologia, na qual as táticas ainda não estavam adaptadas às novas armas e equipamentos. Dentre as novas formas de destruir, foram usados em grande escala os gases venenosos, os submarinos, aviões, tanques de guerra, metralhadoras e muita, muita artilharia. As tropas, ainda treinadas de maneira mais antiga, mais estática, foram pegas e massacradas pelas máquinas de guerra modernas.  Estima-se que 70 milhões de soldados foram mobilizados. Um destes era Erich Paul Remark, nascido em 1898 e mobilizado pela Alemanha em 1916. Ferido várias vezes, vê também seus camaradas e amigos de infância sucumbirem aos horrores da luta. Não só eles. Vê também nos soldados inimigos seres humanos que sofreram e morreram.

Terminada a guerra, Remark tenta várias profissões. Em 1929 adota o pseudônimo de Erich Maria Remarque e escreve aquele que virá a ser o seu mais famoso trabalho: “Nada de novo no front”;  um misto de ficção e relato de suas experiências e choques. Tornou-se um autor conhecido, mas a fama e sua crítica da guerra e da barbárie que ela representa, causou o ódio dos nazistas que glorificavam o militarismo. Seu pacifismo irritava o partido nazista, que o “acusou”, dentre outras coisas, de ter antepassados judeus. Em 1933, com o crescimento do nazismo, se exila na Suíça e depois nos EUA, de onde assiste a tragédia de um novo conflito.

Erich Maria Remarque

Erich Maria Remarque

O livro é franco, direto e lírico ao mesmo tempo. No personagem de Paul Baumer, Remarque relata o dia a dia das trincheiras, a sujeira, os piolhos, a falta de comida, os ferimentos, o medo, o sofrimento e a morte. Relata a dificuldade dos soldados em compartilhar com os familiares o que viviam e a tristeza de matar e ver morrer. Mais do que tudo, demonstra a desilusão dos jovens que, entusiasmados por discursos patrióticos, se engajam em um conflito que não lhe pertence, não lhes interessa. Aliás, que não interessa a maioria da humanidade, mas a poucos poderosos, como de resto são todas as guerras.

Se é um livro “duro”, por que ler? Porque, eu respondo, ele diz a verdade. A verdade que ainda não aceitamos: a guerra é a negação da humanidade e da civilização e tem que ser evitada ou aniquila tudo de bom e positivo que temos e construímos. Diz a verdade de que a guerra não interessa aos soldados e ao povo, mas são eles que sofrem e morrem.

Já resenhei um livro em quadrinhos sobre a primeira guerra e também um filme (confira os links abaixo) e agora apresento este. Como é o centenário da I Guerra, penso que é um tema pertinente e que não deve ser esquecido, mas sim repensado, daí as resenhas. Ainda vou apresentar outro até o fim do ano. E se você está estudando para o vestibular, fica a dica: o tema pode aparecer em muitas questões. Se não é, fica a dica também. O livro é excelente.

front

Amstalden

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