
Fonte de imagem: http://macondocoletivo.wordpress.com/2012/04/02/para-que-nao-se-esqueca-para-que-nunca-mais-aconteca/
O que pode haver de mais essencial para uma cidade do que conhecer sua própria história? O que pode dar ao cidadão maior grau de pertencimento à sua comunidade do que conhecê-la em detalhes?
Nas próximas semanas, Piracicaba deveria estar recebendo um livro que recontará em detalhes o que a cidade viveu a partir de março de 1964, por ocasião do golpe militar. Produzido por um grupo de pesquisadores, jornalistas e pessoas que se debruçaram sobre aquele período, a coletânea começou a ser produzida em agosto do ano passado, em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba ( IHGP). Em fevereiro passado, quando a publicação já se encontrava finalizada em termos gráficos e editoriais – e inclusive com o ISBN concedido ao próprio IHGP que o solicitara -, pronta para ser impressa, a entidade decidiu-se pela não publicação da obra. A decisão de sua Diretoria Executiva foi comunicada à organizadora da obra, via e-mail, sem quaisquer justificativas.
Diante disso, como autores desta obra coletiva, entendemos ser necessário virmos a público para manifestar nossa surpresa e indignação diante do fato. Censura ideológica? Pressões de alguma ordem? Outros interesses? Diante da inexistência de explicações formais do IHGP, perguntas como estas, que nos chegam de várias direções, as quais não temos como responder, gostaríamos de reafirmar que:
a) O livro “Piracicaba, 1964-o golpe militar no interior”, apesar do atraso, será publicado a partir da iniciativa independente de seus autores;
b) Passados 50 anos do golpe militar, quando o país se debruça na revisão do que ocorreu naquele período, é ainda mais importante que o debate se estenda às cidades do interior como Piracicaba, onde histórias se acumulam e precisam ser sistematizadas, analisadas e melhor conhecidas;
c) Piracicaba tem o direito de conhecer mais sobre aquilo que permanece, até hoje, pouco analisado daquele período na cidade: prisões, pressões a sindicalistas e professores, o convívio entre empresários e as forças repressivas, a vigilância constante inclusive sobre cidadãos insuspeitos, a denúncia anônima contra religiosos e docentes, a prática da tortura, perfis daqueles que ousaram reagir.
d) Caso você concorde que episódios históricos fundamentais precisam ser recuperados, contados, preservados; que processos históricos conflitantes que dividiram a sociedade, até pelas tensões que provocam, precisam ser vir à luz; que a livre opinião é valor essencial de uma sociedade democrática; caso você concorde que o debate é fundamental à democracia e precisa ser cultivado e incentivado responsavelmente , fortaleça nossa iniciativa divulgando o que ocorreu e colaborando com a captação de fundos para a publicação, acessando http://www.kickante.com.br/campanhas/piracicaba-nos-tempos-da-ditadura-0 Toda ajuda será bem-vinda.
e) O lançamento do livro está previsto para maio.
Piracicaba, março de 2014.
Beatriz Vicentini, jornalista; Orlando Guimaro Junior, advogado; Patrícia Polacow, jornalista; Caio Albuquerque, jornalista; Ely Eser Barreto César, teólogo; Otto Dana, teólogo; Luiz Fernando Amstalden, sociólogo.
Carla Betta
28 de março de 2014
Indignada !! Balançava minha opinião se a anistia aos golpistas e torturadores havia sido uma correta decisão. Hoje acredito que erva daninha se arranca pela raiz. Observamos o crescimento do poder absurdo dos direitistas sem moral e sem caráter.
camilo irineu quartarollo
28 de março de 2014
Amstalden, no que precisar conte comigo para editar, conheço o caminho de algumas pedras para edição e a gente põe na rua esse livro, não se preocupe. Abç
Daisy Costa
28 de março de 2014
Mais arbitrariedades… sempre os ‘mandões’ querendo se esconder da própria podridão! Assistimos a isso diariamente, principalmente nesta cidade…
Anderson
28 de março de 2014
Em Piracicaba, a ditadura acabou?
Paulo Fessel (@Szarastro)
28 de março de 2014
Já fiz minha doação e aguardo ansiosamente o lançamento do livro. Que a história nos ensine a não cometermos os mesmos erros, repetidamente – e isso não vale só para uma nação, mas também para uma cidade. Parabéns pela iniciativa e coragem da equipe.
Edu Pedrasse
28 de março de 2014
Não sabia da história do livro, até que li uma coluna no Jornal de Piracicaba, hoje de tarde, quando voltei da Unicamp.
Entre uma goleta e outra de café li a página da senhorita(senhora?) que relata a mesma história acima.
Confesso que de quando em vez, sempre passava na minha cabeça como teria sido as possíveis reações ao golpe militar aqui em Pira, as adesões também, ou até a omissão.
Por ser uma cidade extremamente conservadora que faz parte do que chamo de “Lousiana Paulista”, nunca duvidei que atos repressivos tivessem ocorrido.
Acredito que a “retirada da verba para a edição” não tenha ocorrido por motivos econômicos, visto que na cidade sobra dinheiro para construir pontes à baciadas.
Mas como todos sabem quem são aqueles que mandam realmente nesta cidade, as hipóteses diminuem.
O que podemos fazer?
Brigar com os donos da cidade ou angariar fundos para editar esse livro em maio?
Acredito ser melhor a segunda opção, pois, realizar CPis para encontrar fascistas – principalmente na sua seara – é muito desgastante.
Façamos uma campanha massiva, angariemos fundos e façamos um lançamento estrondoroso.
Eu da minha parte vou contribuir em dinheiro e me disponho desde de já A REALIZAR UM SHOW GRÁTIS NO LANÇAMENTO DO LIVRO.
Vamos à luta.
Nem só de cana vive Piracicaba.
Abraços a todos
Edu Pedrasse
28 de março de 2014
Já tá no Blog do Nassif!
http://jornalggn.com.br/noticia/censurado-em-piracicaba-livro-sobre-golpe-militar-sera-lancado-de-forma-independente
Jose Liborio
29 de março de 2014
Olha, além de colaborar estou doido para ler o livro. Quem não quer que esse livro venha à luz? Porque? A quem interessa que esse livro não seja publicado?
São perguntas que espero logo saber !!!! Estamos na luta e já compartilhamos para que amplie a corrente.
Alan
29 de março de 2014
E edição virtual, com ebook..
Existe alguma forma de venda online, sem a necessidade de impressão?!
Talvez as vendas online permitam a edição do texto!
Jorge
2 de abril de 2014
Ofereça ele em formato eletrônico (Epub ou mesmo PDF), custo zero com impressão e maior divulgação! Ai lá coloca uma aba para doações.
Abrassss