
Fonte da imagem: http://www.jornalderolandia.com.br
Prezada Sra. Rosângela.
Li seu artigo publicado no domingo dia 31 de agosto passado. De fato, eu já havia escrito antes sobre o mesmo tema, mas ao contrário da Sra. eu apoiei o vereador Paulo Camolesi na sua iniciativa de pedir a transferência dos shows maiores para outro local que não o Engenho Central. Como a Sra. já sabe, a iniciativa foi negada, o que eu já esperava e “previ”. Continuo apoiando o Vereador e sua proposta e estou, portanto, em uma posição diferente da sua. Creio que nossa discordância é normal dado os “locais” em que estamos durante as festas e eventos. A Sra. está dentro deles trabalhando e eu estou
“dentro” deles, mas em minha casa, em um momento em que teria direito a algum silêncio.
No entanto, malgrado nossa divergência “natural”, existem alguns pontos do seu artigo que também me surpreenderam. A julgar pelo seu texto, pareceu-me que a Sra. escreveu de impulso, “assustada” como disse, pela iniciativa e, talvez, tal susto não tenha permitido que analisasse com cuidado o problema e as propostas do Vereador. Digo isso porque a Sra. afirma que a iniciativa quer deixar o Engenho desocupado, fadado a se transformar em ruinas. Oras, não é de forma alguma o que se propôs. Muito pelo contrário, se apoia e se incentiva a ocupação do mesmo para atividades com as que mencionou, como o Salão do Humor, o teatro e outras mais. Mesmo os demais eventos, como a Festa das Nações não são um problema em si. O problema é a intensidade do som que literalmente faz tremer nossas janelas e nos obriga a uma “participação” na totalidade dos eventos, do seu início até o seu fim. Em nenhum momento se defendeu a desocupação cultural e muito menos o abandono. Suas afirmações neste sentido só podem ter vindo da pressa em escrever e do susto, que gerou uma reação passional. Afinal, sendo a Sra. secretária da cultura, com certeza pode (e deve) analisar com mais clareza o que foi proposto. Afirmar que se busca o abandono é, no mínimo, um exagero passional que, não fosse minha certeza de que a Sra. leu muito rápido a proposta, poderia ser confundido com uma distorção deliberada dos fatos.
Mas voltemos ao ponto central. O “representante do povo” com sua “esdrúxula iniciativa” (palavras suas) agiu sim em defesa do direito de muitos cidadãos. Tenho em minhas mãos uma cópia de mais de duzentas assinaturas colhidas em um dia por uma senhora, a pé, sem conhecer a região direito, somente nas ruas perto de seu pequeno apartamento, apoiando a inciativa do Vereador. Esta iniciativa espontânea conseguiu o número de assinaturas que citei. Bem, são duzentos cidadãos, mais ainda, duzentas famílias muito perturbadas pelo som alto. Não tenho dúvidas de que uma coleta mais rigorosa no entorno vai multiplicar este número em muitas vezes. Isso significa que temos um problema. Que o direito de muitos está sendo ofendido. Que muitas pessoas estão sendo prejudicadas e defende-las e representa-las é um dever dos vereadores, que o Sr. Paulo cumpriu à risca, e um dever também da Sra. como secretária de governo. Se é sua intenção manter as festas maiores no Engenho, então cabe a Sra., ao secretário de Meio Ambiente e ao Prefeito, garantirem um mínimo de salubridade aos vizinhos durante os mesmos. Eu pergunto se o som tem que ser tão alto e com um palco disposto de tal forma que ecoe tanto em toda a redondeza. Não há forma de minimizar isto? Talvez a própria natureza de sua atividade, de participar da festa, não lhe dê condições de avaliar o que se passa por perto. Sendo assim, a convido a vir me visitar e a vir visitar outras casas durante as festas. Desta forma a Sra. talvez consiga avaliar o que estamos pleiteando. Melhor ainda, ao vir, traga alguém com um medidor de decibéis. Podemos facilmente analisar os dados obtidos com os níveis recomendados internacionalmente de salubridade sonora.
Estimular e desenvolver a cultura é sua função e nosso interesse. Mas isso não tem que e não pode violar outros interesses e direitos. Até porque, não me parece que “músicas” como o “Créu” sejam de grande contribuição para o crescimento intelectual da população. Parece-me mais um deboche para com quem é obrigado a ouvir.
Para ver o artigo anterior, acesse o link: https://blogdoamstalden.com/2014/08/26/o-som-e-o-sacrificio-por-luis-fernando-amstalden/
Eloah Margoni
11 de setembro de 2014
Dez Amstalden!!!!!! Esta luta a SODEMAP tb trava há muito tempo, e há tempo igual os gestores da cidade teimam em ignorá-la . O vereador Camolesi está certo; e é importante que o mesmo se interesse cada vez mais pelas causas ambientais. com persistência e mais agilidade até.
adhair
11 de setembro de 2014
Muito clara, polida e pertinente a reivindicação dos moradores. O direito de cada um vai até o limite onde começa o direito, no caso a privacidade, do outro. Que a secretária faça a avaliação nas casas, durante um show, conforme solicitado.
Patricia Polacow
11 de setembro de 2014
Eu assinaria tb. Esses shows no Engenho passaram do limite há muito tempo. Num apartamento no S. Dimas até os móveis tremem.
André Bertini
12 de setembro de 2014
Amigos, além de leitor do blog, sou músico e compositor. Tenho raras apresentações com cachê digno de um profissional e algumas destas raridades aconteceram no entorno do rio com a Noite das Tradições, promovida pela Secretaria da Cultura de nossa cidade. A última delas foi no dia 05 deste mês, sexta-feira passada, no Engenho Central, começando às 20:00 e terminando às 23:00. Li o artigo do vereador Camolesi e confesso, Amstalden e amigos, que também fiquei apreensivo. Não tenho dúvidas que eventos de grandes proporções, com o som alto, atrapalhem os moradores (meus pais moram na Dona Francisca, na Vila Rezende e de lá, pasmem, dá pra ouvir e realmente é perturbador), porém, estou certo que o Engenho, Largo dos Pescadores, Rua do Porto, são locais históricos de manifestações culturais da cidade. É preciso, amigos, uma definição clara do que é um megashow, do que é um evento de grandes proporções, do que é som alto. Conversei com muitos músicos que por lá se apresentam, todos apreensivos como eu, e nós gostaríamos muito de nos reunirmos com o vereador e com vocês. Não fomos consultados, Amstalden, amigos, por que? Somos uma classe muito castigada pelos “créus” do entretenimento. Não seria justa uma garantia que nossas raras apresentações seriam mantidas? E a Noite das Tradições, a Seresta? Pode voltar para o Largo dos Pescadores ou é megashow? Acredito, amigos, que respeitando o direito dos moradores e também respeitando e valorizando os artistas daqui – não o créu – é possível manter o Engenho e arredores como locais para apresentações sim. E também acredito que, mantidos os nossos direitos, nós, músicos, iríamos engrossar e muito este coro, pois também ganharíamos. Mas, sem diálogo não chegaremos a lugar nenhum. Um forte abraço e parabéns pelo blog, sempre!
blogdoamstalden
12 de setembro de 2014
Olá André. Antes de mais nada, obrigado por escrever e pelo elogio.
Meu amigo, conheço seu trabalho faz tempo, né?
E aí é que está o problema. O incômodo não vem de apresentações como a note das tradições e outros afins, que tem horário determinado e som mais baixo. O problema são as festas grandes inclusive com o som altíssimo. Se vc. já foi a uma delas, deve ter visto o tamanho do palco e a potência do som.
Ninguém quer que os espaços históricos que vc. citou sejam abandonados. A questão é a forma de ocupação com o som absurdo. Nunca tive problemas com shows do tipo que vc. faz, por exemplo.
Não sei por que vocês não foram consultados, mas acredito que seja porque vocês não são o problema. No entanto, ficarei muito feliz em intermediar um encontro entre os artistas e o Paulo. Envie uma mensagem para mim e marcamos. Será um prazer revê-lo e, de mais a mais tenho um livro para lhe entregar.
Abração meu amigo.
Antonio Carlos Danelon - Totó
12 de setembro de 2014
Plenamente de acordo Luis, Andre e todo os que estão preocupados com o rumo das coisas. Interessante que tempos atrás festas eram na base da viola, cavaco, sanfona, etc. e muito mais animadas, felizes e restauradoras dos laços e dos ânimos que agora aonde se vai para comer, beber; comer de novo e beber de novo, e mais nada. Conversar não dá porque o volume do som não deixa. Ninguém é contra festas. Basta que o volume seja adequado à sadia convivência humana. Parece que estamos tendo uma geração cada vez mais surda; isso é preocupante porque precisaremos berrar cada vez mais alto para nos entendermos.
Anônimo
12 de setembro de 2014
Totó, estou esperando minha coluna da sexta-feira. Cadê? Um abração!
Antonio Carlos- Totó
12 de setembro de 2014
Que bom ler isso! Agradecido. Com a palavra nosso mestre.Outro abração.
Augusto Sousa
12 de setembro de 2014
Um evento fantástico que visitei: ” Salão Internacional de Humor de Piracicaba”, mas em São Paulo.
Gabriel Fava
13 de setembro de 2014
Parabéns pela iniciativa professor, espero que surta efeito!
skperina@ig.com.br
13 de setembro de 2014
abraço Fernando !!!!!!!!!
Anônimo
16 de setembro de 2014
De meu apartamento na rua alferes tambem “acompanho” , mesmo sem querer , todos os grandes shows no engenho.
Minha opiniao e a seguinte – nada de som alto apos as 22 hs.