Carta aberta a Sra. Rosângela Camolesi. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 11 de setembro de 2014 por

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Prezada Sra. Rosângela.

Li seu artigo publicado no domingo dia 31 de agosto passado. De fato, eu já havia escrito antes sobre o mesmo tema, mas ao contrário da Sra. eu apoiei o vereador Paulo Camolesi na sua iniciativa de pedir a transferência dos shows maiores para outro local que não o Engenho Central. Como a Sra. já sabe, a iniciativa foi negada, o que eu já esperava e “previ”. Continuo apoiando o Vereador e sua proposta e estou, portanto, em uma posição diferente da sua. Creio que nossa discordância é normal dado os “locais” em que estamos durante as festas e eventos. A Sra. está dentro deles trabalhando e eu estou
“dentro” deles, mas em minha casa, em um momento em que teria direito a algum silêncio.

No entanto, malgrado nossa divergência “natural”, existem alguns pontos do seu artigo que também me surpreenderam. A julgar pelo seu texto, pareceu-me que a Sra. escreveu de impulso, “assustada” como disse, pela iniciativa e, talvez, tal susto não tenha permitido que analisasse com cuidado o problema e as propostas do Vereador. Digo isso porque a Sra. afirma que a iniciativa quer deixar o Engenho desocupado, fadado a se transformar em ruinas. Oras, não é de forma alguma o que se propôs. Muito pelo contrário, se apoia e se incentiva a ocupação do mesmo para atividades com as que mencionou, como o Salão do Humor, o teatro e outras mais. Mesmo os demais eventos, como a Festa das Nações não são um problema em si. O problema é a intensidade do som que literalmente faz tremer nossas janelas e nos obriga a uma “participação” na totalidade dos eventos, do seu início até o seu fim. Em nenhum momento se defendeu a desocupação cultural e muito menos o abandono. Suas afirmações neste sentido só podem ter vindo da pressa em escrever e do susto, que gerou uma reação passional. Afinal, sendo a Sra. secretária da cultura, com certeza pode (e deve) analisar com mais clareza o que foi proposto. Afirmar que se busca o abandono é, no mínimo, um exagero passional que, não fosse minha certeza de que a Sra. leu muito rápido a proposta, poderia ser confundido com uma distorção deliberada dos fatos.

Mas voltemos ao ponto central. O “representante do povo” com sua “esdrúxula iniciativa” (palavras suas) agiu sim em defesa do direito de muitos cidadãos. Tenho em minhas mãos uma cópia de mais de duzentas assinaturas colhidas em um dia por uma senhora, a pé, sem conhecer a região direito, somente nas ruas perto de seu pequeno apartamento, apoiando a inciativa do Vereador. Esta iniciativa espontânea conseguiu o número de assinaturas que citei. Bem, são duzentos cidadãos, mais ainda, duzentas famílias muito perturbadas pelo som alto. Não tenho dúvidas de que uma coleta mais rigorosa no entorno vai multiplicar este número em muitas vezes. Isso significa que temos um problema. Que o direito de muitos está sendo ofendido. Que muitas pessoas estão sendo prejudicadas e defende-las e representa-las é um dever dos vereadores, que o Sr. Paulo cumpriu à risca, e um dever também da Sra. como secretária de governo. Se é sua intenção manter as festas maiores no Engenho, então cabe a Sra., ao secretário de Meio Ambiente e ao Prefeito, garantirem um mínimo de salubridade aos vizinhos durante os mesmos. Eu pergunto se o som tem que ser tão alto e com um palco disposto de tal forma que ecoe tanto em toda a redondeza. Não há forma de minimizar isto? Talvez a própria natureza de sua atividade, de participar da festa, não lhe dê condições de avaliar o que se passa por perto. Sendo assim, a convido a vir me visitar e a vir visitar outras casas durante as festas. Desta forma a Sra. talvez consiga avaliar o que estamos pleiteando. Melhor ainda, ao vir, traga alguém com um medidor de decibéis. Podemos facilmente analisar os dados obtidos com os níveis recomendados internacionalmente de salubridade sonora.

Estimular e desenvolver a cultura é sua função e nosso interesse. Mas isso não tem que e não pode violar outros interesses e direitos. Até porque, não me parece que “músicas” como o “Créu” sejam de grande contribuição para o crescimento intelectual da população. Parece-me mais um deboche para com quem é obrigado a ouvir.

Para ver o artigo anterior, acesse o link: https://blogdoamstalden.com/2014/08/26/o-som-e-o-sacrificio-por-luis-fernando-amstalden/

Posted in: Ação Direta