O que sabemos sobre erros do governo e da roubalheira da Petrobrás, e quase tudo enfim que acontece no mundo da política Brasil afora e também no exterior, sabemos pela imprensa – TV, rádio, jornal, revistas, internet. Nós povo não temos outro meio de informação. Acessos alternativos é privilégio de poucos. Saber mesmo das coisas sabe quem está no olho do furacão. Nós, ouvimos falar.
Nesse sentido, temos as informações que esses meios querem que tenhamos. Não que mintam. Apenas mostram dos fatos o lado que lhes interessa. Por isso, fico esperto. Vejo gente entrando de cabeça ratificando dados sobre os quais não há como checar procedência, a menos que tenha acesso direto ao miolo da coisa, o que é difícil. Em geral, acabam dando uma de ‘Louro José’. Repetem o que ouvem. Alguns caem no ridículo ofendendo, perdendo amizades e soltando palavrões, que só os desmerecem. Jornalistas que não tiram a bunda da cadeira e comentaristas se arvoram no direito de denegrir governantes que, por menos que saibam sabem mais que eles. Desconhecem as lutas do passado e se apropriam de informações que captam na internet. Pouco sabem da própria cidade, mas ‘entendem’ de Venezuela, Cuba, Bolívia, etc. No entanto, mal conseguem sustentar debate sobre conjuntura nacional.
De repente todo mundo virou entendido em administração pública, embora a maioria declare repulsa à política, pouco se informe a respeito e não participe de atividades partidárias; nunca tenha assistido uma seção legislativa; não saiba em quem votou nas últimas eleições; não se interesse por políticas públicas que melhorem a vida das pessoas especialmente os mais fracos e quase nunca frequentem em suas comunidades reuniões reivindicatórias.
Não querendo generalizar, foi essa gente que saiu às ruas dia 15 passado pedindo a cabeça da presidente acusando-a de participação em esquemas de corrupção. Falam dela como se a conhecessem pessoalmente. É fácil esculachar quem está longe. Outros pediam a volta dos militares demonstrando total alienação do que aconteceu durante anos truculentos de nossa história. Mimados que são, querem um governo que cuide deles. Acham que uma pessoa ou grupo é capaz de mudar um país onde a corrupção é tida como esperteza e não crime. Fazem parte do grande número de cidadãos que votam por votar e retomam sua cativa na arquibancada donde só sabem reclamar. Jogam nada, mas detonam quem tenta. A Petrobrás então ficou mais importante que o Brasil. Parece que se ela afundar o Brasil vai junto. Querem a todo custo ligar o esquema à presidenta. O mundo todo teve crise. Aqui, em vez de rever atitudes e questionar a nefasta divisão de classes que emperra o verdadeiro desenvolvimento, caçamos bruxas.
Acho que o governo que está aí errou em muitas coisas como todos os outros erraram, mas não o vejo mal intencionado. Tenho a impressão que ele personifica a classe pobre empoderada, coisa que os de cima não aceitam. Daí um ódio cego e medo de perder privilégios.
Manifestações de rua são poderosos instrumentos de participação, porém é necessário ser parte da mudança. Em São Paulo madame dizia ter deixado de ir à sua casa de praia em Troncoso para participar da manifestação. Outra se queixava de que seus amigos ricos estavam se mandando para Miami. (Folha 17.03.15). Aqui em Piracicaba, dentre os que pediam ética – lá em Brasília, claro – desfilaram vereadores que se deram aumento de 66% mais 5%, que a Justiça revogou; deputado que custa R$ 160 mil mensais; prefeito com contas contestadas na Justiça e gente do mercado imobiliário, cuja maioria está muito bem de vida graças à especulação imobiliária e ao absurdo nos preços dos aluguéis.
Antônio Carlos Danelon, o Totó, é assistente social.
Juan A M Sebastianes
10 de abril de 2015
Realmente, nessas manifestações, aparecem oportunistas, inclusive CORRUPTOS querendo posar de cidadãos honestos e interessados pela DEMOCRACIA verdadeira….
Mas também vemos muitos TRABALHADORES que suam muito para sustentar suas famílias e que NÃO aguentam mais ser enganados por políticos que, após eleitos, fazem o CONTRÁRIO do que prometeram na campanha, poucos meses antes.
Agora temos que economizar (sofrendo até APAGÕES) e pagar muito mais pela ENERGIA elétrica cujo preço nossa PRESIDENTE, em 2014, tinha reduzido, garantindo que estava sobrando. A QUADRILHA que se instalou na Petrobras, com “tentáculos” de diversos políticos e partidos, provocou o MAIOR ASSALTO da história na empresa de que tínhamos o maior orgulho e “ninguém viu”, nem a “rigorosa e super eficiente” Presidente do seu Conselho, aliás regiamente remunerada, mas agora, para compensarmos esses roubos…, temos que pagar muito mais pelos combustíveis, mesmo tendo caído muito o preço internacional do petróleo. E temos que acreditar que esse ROUBO não foi usado nas Campanhas Eleitorais. Foi prometido durante a CAMPANHA eleitoral que não se mexeria nos direitos dos trabalhadores (conforme “pretendiam os adversários”), mas o que foi que ocorreu, logo após a eleição?
Então temos que ser enganados, tratados como OTÁRIOS, e aceitar resignadamente ou até aplaudir …?
graça ribeiro
10 de abril de 2015
Por essas e por outras, que de hoje em diante serei como a mulher do senhor João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Ontem, dia 09 de abril de 2015, ele declarou no plenário da CPI da Petrobrás, que se reuniu várias vezes com o doleiro Alberto Youssef, e também com Renato Duque e Pedro Barusco, encontros realizados em diferentes hotéis, mas o nobre tesoureiro, não consegue se lembrar do que trataram nesses encontros. Poxa, o marido dela se encontra com vários homens, em hoteis de luxo e não se lembra do que foi tratar nesses encontros…somos todos uns “cornos”, né não, senhora Vaccari.
Carla Betta
10 de abril de 2015
Apoiado, Totó!
Carlos Cascadan
11 de abril de 2015
Concordo com o texto !
Wellignton Mariano
17 de abril de 2015
Totó, discordo do seu texto, porque em alguns aspectos ele me soa contraditório. Você crítica quem se apóia em informações divulgadas por todos os meios de comunicação possíveis para formar sua opinião, mas baseia a sua apoiado no que VOCÊ ACHA. Por fim, cita uma matéria de jornal para ilustrar um exemplo. Essa matéria não poderia também ser direcionada para formar opinião?
A única forma de se inteirar sobre os assuntos é se informar sobre eles através dos meios de comunicação. Achar que todos eles mentem e nos engana é acreditar em teoria da conspiração.
Você começa um paragrafo com “não querendo generalizar”, e generaliza, rotulando de alienados os que participaram da manifestação. Manifestação que eu discordo, a propósito.
Outro ponto: qual o problema se ae pessoas que vão as ruas fazem compras em Miami? Ter ou não dinheiro não deve ser pré-requisito para se organizar em busca de algo que você acredita ser melhor. E, não, nunca saí do país, tampouco tenho casa na praia.
Percebo que você acredita que o atual governo é uma boa escolha para nós. Pois que defenda isso sem taxar, rotular ou desqualificar os que discordam. O debate é saudável, mas deve ser pontuado em idéias, fatos e etc.
Forte abraço.
Antonio Carlos- Totó
18 de abril de 2015
Wellignton, Ser lido já é uma satisfação, comentado então, uma honra. Acho que você tem razão em muitos pontos. Debater idéias é fundamental porque se escapa do padrão e se cria alternativas. Não pretendia ser contraditório, contudo a contradições provocam questionamentos. Disse que não temos outros meios de informação, exceto os disponíveis. Não disse que mentem; disse que direcionam o que é pior. Portanto, senso crítico – como você demonstra ter – só faz bem e ter opinião própria, desde que aberta a outras indica maturidade. Se os meios de comunicação falam o que acham e escolhem o que falam, por que nós não? Se os meios impressos, por exemplo, querem um país melhor, porque não são acessíveis aos mais pobres, que são a maioria da população e por isso mesmo, elegem governantes? Informação é tudo, pois quem tem o saber tem o poder. Não vejo pobres em condições de assinar uma Folha, um Estadão, etc.? Não vejo bancas de revistas em bairros pobres? Você já viu coletor de lixo, motorista de ônibus, faxineiras, trabalhadores em geral, esse que realmente ‘fazem’ esse país, sendo entrevistados em TVs, rádios e jornais? Manifestar-se é ótimo, mas isso tem que ser rotina. É preciso se envolver no dia-dia da vida pública. Gritar para outros fazerem muda nada. Achar normal que à uma minoria nada falte e até sobre enquanto à grande maioria até casa falte é querer um país em contínua convulsão. Presidentes estão muito longe da gente e de novo tenho que ‘acreditar’ no que dizem. Impossível que nossa presidente seja a responsável por todos a mazelas que afligem o país, assim como nenhum outro foi. Todos, por ações ou omisso fizemos este país. Ou mudamos todos ou paremos de fingir. Forte abraço e gostei muito de sua atitude.
Eloah Margoni
10 de junho de 2015
Seu texto me parece lúcido em grande parte. Certamente o PT não é pior do que outros partidos, e teve realmente seus méritos. Deméritos também certamente os tem; esperávamos mais dele… Ou talvez já tenha dado o que tinha para acrescentar ao país de positivo; deveríamos caminhar no sentido de uma vanguarda! Só que aí surge um vá. Não há ninguém…E o povo se perde nas suas reivindicações.
Eloah Margoni
10 de junho de 2015
retifico texto anterior: surge um vácuo
Anônimo
7 de junho de 2016
Publicação do Totó, há um ano, com comentários, uns pró, outros contra. mesmo com muita água corrida por baixo da ponte, me parece ser um dos trabalhos mais apropriados que vimos por aqui. Expressa muito bem o sentimento consciente do brasileiro comum que se interessa pelo que ocorre em nossa sofrida pátria.