Extrapolação. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 10 de março de 2016 por

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Há poucos dias escrevi que era favorável ao interrogatório de Lula. E que mesmo que tenha sido de uma maneira desonrosa, pela coerção, achava que a atitude, embora radical, era um precedente para evitar uma sucessão de recursos que inviabilizassem as investigações e o depoimento do ex presidente.

Mas, agora sou surpreendido pelo pedido de prisão preventiva de Lula pelo MP de São Paulo. A justificativa: Lula pode usar uma rede violenta para impedir as investigações e até sua prisão.

Também poderia ameaçar testemunhas ou sumir com provas.

Muito bem. Mas então porque isso não foi pedido antes para outros, que tem tanto ou mais poder e continuam soltos?

Por que isso não é pedido no recente caso dos desvios da merenda escolar por deputados do PSDB de São Paulo? Ou mesmo (ele de novo) para Paulo Maluf e outros que estão em situação de processo e investigações avançadas, mas soltos e também com chances de “intimidar, ameaçar e sumir com provas”?

Entendo que parte disso tenha se devido ao recente convite para que Lula assumisse um ministério e tenha foro privilegiado. Mas, pelo menos pela imprensa, soube que Lula se recusa a assumir tal cargo.

De fato o próprio convite é uma manobra, coisa que combato. E se Lula não deve, não precisa de cargos nem de foro privilegiado. Aliás, esse é meu maior desejo. Que ele prove sua inocência, se assim for.

No entanto, o pedido dos MP e dos promotores é uma aberração. Pressupõe, no pior estilo conspirativo, que Lula e o PT estão prestes a desencadear uma fúria de massas sangrenta.

Que tipo de análise é essa? Jurídica? Sociológica? O MP acha que o PT tem todo esse poder? Se acha, está errado, pode acreditar.

A mim parece mais outra coisa. Ou os promotores estão aproveitando sua oportunidade de fama ou de fato há uma orquestração para se criar conflito e até um estado de exceção.

Deste jeito, agora, estou começando a acreditar em golpe.

E que fique claro que repudio golpes assim como repudio manobras jurídicas que emperram investigações.

Um peso e uma medida, promotores. Oportunismo não. Nem golpe.

Luis Fernando Amstalden

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