Reações ao Artigo – Apoios, temores e tentativas de intimidação . Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 16 de agosto de 2012 por

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Desde que o artigo “Desafio Público à Câmara dos Vereadores” foi publicado no JP e depois neste Blog, recebi muitos comentários, tanto no Blog quanto por email, pessoalmente e por telefone. Como os sociólogos tem mania de classificar (para tentar entender) os grupos e atitudes humanas, não pude deixar de visualizar três tipos de comentários/reações.

O primeiro tipo tem sido o de apoio. Já na quarta pela manhã, recebi um telefonema de um comerciante que não conheço pessoalmente e que descobriu meu número (provavelmente na lista – nunca vi necessidade de retirar de lá). Apoio e muitos elogios. Depois vieram os emails, outros telefonemas de amigos, comentários pessoalmente na rua e comentários pelo blog ou pelo Facebook. A temática de todos é mais ou menos a mesma. Que um vereador não pode aumentar o seu salário desta maneira, passando a ganhar mais do que funções consideradas mais importantes pelos leitores, como professores, policiais e médicos. Que a fala do presidente da Câmara foi uma ofensa a toda a população e, finalmente, o questionamento da atuação efetiva dos vereadores atuais, visto por aqueles que comentaram, como pífia, subserviente ao Executivo e clientelista. Para ser sincero, concordo com tudo isso.

O segundo tipo de comentários/reações tem sido o do “apoio temeroso”. Comentários, geralmente feitos pessoalmente, do seguinte tipo: “mas você não tem medo?”. Ou então: “você foi bastante duro”. Digo o seguinte a estes: primeiro –  medo do quê? Por um acaso eu cometi um crime? Parece-me que a nossa constituição defende o direito de expressão, não defende? Ou será que é só no papel? Será que se alguém “ousa” se expressar livremente estará de acordo com a constituição, mas contra a “verdadeira ordem das coisas”? Bolas, eu sempre soube que não havíamos ainda conquistado a democracia e a cidadania reais, mas deste jeito, com tantas reações temerosas, começo a acreditar que é pior. Que nunca saímos da ditadura, só que agora ela não aparece na lei tirânica, mas nas estruturas não aparentes do poder constituído e no medo constante da perseguição por parte da população. Parece que tantas ditaduras neste país criaram uma cultura do silêncio, do temor, da submissão. Acontece o seguinte: eu não me submeto a ditadura alguma. Não participei do movimento das Diretas Já e dos protestos contra Collor simplesmente porque queria “fazer arruaça”. Eu acredito na democracia e no direito da cidadania e vou defender isso até minha morte, caso contrario, eu me sentiria um covarde cuja única função neste mundo é sobreviver. E eu sou um ser humano, dotado de valores e capacidade de criação. Não vivo acuado ou calado porque, neste caso, simplesmente não teria vida de verdade.

Aos que me perguntam se “não fui muito duro” em meu artigo, respondo que “duro” foi ver o desprezo da Câmara a pessoas com uma reivindicação legítima, duro foi ver o plenário artificialmente tomado por funcionários da casa (mandados ou voluntários) tomando o lugar do povo e determinando o espaço como sendo privado, da burocracia dominante. Duro, por último, foi ouvir a desqualificação e ofensas a nós dirigidas. Minha reação foi firme, sim, mas  tudo o que eu disse posso argumentar e provar. Já o fato de sermos “bêbados, drogados e vândalos” é algo que eu quero ver provado. Confesso que, se eu fosse dar vazão ao que senti com tudo isso, teria sido mais agressivo. Não fui. Não vou cair na estupidez de quem me ofendeu. Vou agir de acordo com os direitos que a constituição me garante.

Voltando ao tema inicial, o último tipo de reação veio de pessoas pouco conhecidas. Algumas que mal sei quem são. Estas reações e comentários foram bem poucos, verdade, mas foram ameaças veladas. Coisas do tipo: “Você trabalha na Fundação Municipal de Ensino, sabia que o presidente da Câmara tem grande influência lá? Olha que vai “pintar” retaliação”. Outro comentário ouvido foi o de que “eu deveria tomar cuidado, eu este ano já foram mortos dois “blogueiros”, um no Paraná e outro no Maranhão”. Bem, a quem me ameaça ou tenta intimidar, tanto veladamente quanto diretamente, não cabe argumento. Se alguém chega a este tipo de atitude, não merece nem entende argumentos. No entanto, posso lhes dizer uma coisas simples: eu não sou exatamente inexperiente em tentativas de intimidação e em ameaças, sabem? Já passei por isso tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele (e quem me conhece sabe por que). E, como não sou inexperiente e nem burro, também tenho meus aliados e sei me defender e vou. Vou me defender como cidadão e como homem. Estes que me trazem tais “recados”  podem até conseguir me atingir, mas não vai ser assim tão simples nem inconsequente…

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