Money For Nothing – Dire Straits – Por Edu Pedrasse

Posted on 18 de março de 2014 por

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Esse artigo é dedicado ao amigo e irmão Pedro Paulo Kohler.

Money for Nothing (algo como “dinheiro sem fazer nada”) é uma música do grupo inglês Dire Straits, do disco Brothers in Arms, de 1985.

Em entrevistas Mark Knopfler, o líder do grupo e compositor da música, relata que teve a idéia de compô-la quando estava em uma “megastore” para comprar algumas coisas e observou uma pilha de televisões ligadas no mesmo canal, tocando um clip da MTV. Ouviu então comentários depreciativos de um empregado que estava descarregando mercadoria na loja.

Os comentários, vindos de um sujeito rude, um típico trabalhador braçal inglês, eram sobre a “vida fácil” dos músicos, que eles não “trabalhavam realmente”, sem saber o que era “pegar no pesado”.

Knopfler na hora pegou uma folha de papel e começou a escrever a canção.

A letra trata-se de uma paródia ao discurso do cabeçudo e preconceituoso trabalhador, como se o mesmo falasse em primeira pessoa.  E nessa paródia, Knofler – sarrista fino – nos elucida o quanto a imagem dos músicos é mal vista, por indivíduos de outras profissões.

O músico inglês, aliás, fez um manifesto que passa na cabeça de todos outros músicos do planeta.

Não vou ficar aqui relatando as minhas queixas de 27 anos de profissão e enumerando a quantidade de besteiras que ouvi em todos esses anos. Dentro da família, em círculos de colegas, restaurantes, na rua, etc.… Todo músico profissional sabe na pele o que é isso.

Nos inquirem sobre como conseguimos pagar nossas contas, o quanto ganhamos, qual é a quantidade de horas que trabalhos por dia, a que horas vamos dormir e acordamos, como conseguimos nos manter com uma profissão na qual temos prazer, etc, etc, etc.

Triste é lembrar também as insinuações que fazem sobre nossa masculinidade, (aspecto que Knopfler tira um sarro na música) confundindo delicadeza e sensibilidade com um provável homossexualismo. Sem comentários…

O que pude observar – me adentrando diletantemente na área da psicologia- é que existe uma grande inveja dos artistas em geral. É mais do que sabido que a maioria das pessoas não trabalha no que realmente gosta, e pouquíssimos obtém prazer e diversão no trabalho. Logo, como aquele vadio consegue sobreviver com uma profissão que aprecia e que lhe proporciona prazer?

Ai, ai, ai….

Além do mais o trabalho do músico lhe proporciona reconhecimento público, – positivo, quando o cara é bom no que faz – soma-se a isso toda a tietagem das mulheres, posição de destaque, o fator mágico do artista em proporcionar prazer e experiências boas às pessoas –e essas se mostrarem agradecidas depois. E os recalques alheios pululam…

Mark Knopfler, grande artista, desmonta essa inveja da melhor forma possível: com o humor, de forma descontraída alfineta os cabeçudos de plantão.

Esse clip oficial da música gerou muitas controvérsias, especialmente pelo uso de palavras e expressões fortes – mas extremamente bem humoradas. As patrulhas GLS caíram de pau e teve até acusações de racismo (!). No final, Knopfler teve que explicar didaticamente em entrevistas, o que queria dizer a canção, pra acalmar os fundamentalistas do politicamente correto. Mas não mudou uma linha. Homens.

Coloquei a legenda no Clip procurando fazer uma tradução “cultural” da letra, visto que a mesma é repleta de gírias e maneirismos lingüísticos do norte da Inglaterra.

Divirtam-se

Edu Pedrasse é músico profissional – guitarra e violão – há 28 anos. Possui Bacharelado e Mestrado em Música pela UNICAMP. É professor universitário na UNIMEP, no curso de Música Licenciatura e também é professor particular de música. Atua com seu show Entartete Jazz, nas casas de espetáculos de Piracicaba e região.

Site: www.edupedrasse.com

Facebook: https://www.facebook.com/edupedrasse

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